COMPANHEIRISMO

 

Companheirismo nunca foi um lugar onde morei.
Esse ser não caminhou comigo,
não dividiu silêncios,
não me ensinou descanso.

Fui eu por mim mesma,
por anos a fio,
aprendendo a sustentar o mundo
com as próprias mãos.

Passei uma vida inteira procurando fora.
E hoje, com um espanto tardio,
descubro que o que eu buscava
sempre viveu em mim.

Quanto tempo perdido.
Talvez eu estivesse mais inteira
se tivesse aprendido antes
a ser abrigo de mim mesma.

Quando a tristeza chega,
fico dura.
Às vezes cruel.
E é com quem mais amo
que deixo escapar minhas sombras.

Parece que tento arrancar
esse amor do peito,
como se não fosse digno,
como se doesse existir.

Por que faço isso?
Talvez porque ainda aprendo
a reconhecer o valor
da minha própria companhia.

A vida cobra.
Tudo retorna.
E talvez o ciclo só se feche
quando a gente aprende
a amar sem ferir —
nem ao outro,
nem a si 

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