ENTRE JUSTIFICATIVAS E RECOMEÇOS


 Às vezes me pego em um diálogo silencioso comigo mesma. Vivo me justificando — não para o mundo, mas para mim. Construo argumentos internos, avalio cada passo, revisito decisões como quem reabre um livro já lido, mas que insiste em mostrar detalhes novos a cada leitura.

É curioso como tentamos defender ideias que consideramos corretas apenas para sustentar nossas próprias ações. Analisar o que fiz e por que fiz virou quase um exercício diário. Talvez seja loucura achar que podemos socializar e sair totalmente ilesos: sem críticas alheias, sem autocrítica, sem essa voz interna que nunca se cala.

O fato é que, hoje, em frações de segundos, minha mente dispara milhões de pensamentos para tentar satisfazer — ou justificar — uma única atitude minha. E por mais caótico que pareça, há uma parte de mim que gosta disso: dessa reflexão constante, desse mergulho profundo no meu próprio movimento.

Mas também existe algo que eu não quero mais: o ad eternum.

Não quero carregar mesmas dúvidas, mesmas inquietações e mesmos padrões como se fossem permanentes. Quero ciclos que se fechem, portas que se abram, versões minhas que se despedem para dar espaço ao novo.

Desejo um simples “até logo” para tudo aquilo que ainda preciso melhorar — não para que desapareça de vez, mas para que eu possa transformar com leveza. Porque crescer não precisa ser uma batalha; pode ser um caminho, um processo, uma conversa honesta entre quem eu fui e quem estou tentando ser.

E assim sigo: me observando, me questionando, me reformando.

Não para ser perfeita, mas para ser melhor — e mais verdadeira — comigo mesma.

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