O LIVRE ARBITRIO
Força e pés no chão. Sempre acreditei que viver exige essa postura: firmeza para não se perder e lucidez para não se iludir. Mesmo sem grandes sonhos, a vida ainda se revela límpida, clara como a neve. Há uma verdade serena nisso — aceitar o que é, sem adornos.
Tudo é ação e reação. Cada escolha carrega em si a própria consequência. E junto com ela, muitas vezes, vem a dor. Mas essa dor não é castigo; é apenas o preço inevitável do livre-arbítrio. Escolher é assumir o risco de sentir. Não há liberdade sem esse peso silencioso.
Estar sozinha sempre foi um lugar confortável para mim. No silêncio, encontro respostas que o ruído do mundo costuma esconder. A solidão, quando escolhida, não é ausência — é espaço. Espaço para pensar, sentir, reorganizar a própria alma.
Ainda assim, mesmo sendo forte, mesmo sendo pé no chão, há dias em que tudo o que desejo é enxergar um ponto de luz, ainda que distante. Um sinal mínimo de sentido. E seguir. Seguir até ele, passo a passo, mesmo sem garantias. Porque caminhar em direção à luz, mesmo sem alcançá-la de imediato, já é uma forma de continuar viva.
E quem sabe, lá adiante, não apenas ver essa luz, mas me deixar enxaguar por ela. Permitir que a clareza do universo lave as dores, os cansaços, as culpas e os medos. Não para esquecer o que fui, mas para seguir mais leve sendo quem sou.
Talvez a vida seja isso: força para permanecer, lucidez para escolher, solidão para se encontrar e uma pequena luz, distante ou próxima, para nunca deixar de caminhar.

Comentários
Postar um comentário