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Manual de Sobrevivência ao Ser Humano Aleatório do Trabalho

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 Tem dias em que a gente acorda, toma um café, ajeita o cabelo, respira fundo e pensa: “Hoje vai ser tranquilo.” Ilusão. Pura ilusão. Porque basta chegar no trabalho para o universo dizer: “Segura minha xícara que lá vem história”. E vem mesmo. Sempre aparece um ser humano aleatório, desses que parecem ter saído direto de uma fábrica especializada em causar confusão. E lá estou eu, tranquila, apenas existindo, quando a criatura surge com uma abordagem tão arrogante que até o ar-condicionado ficou chocado. A pessoa fala comigo como se eu tivesse cometido um crime interestelar. E eu? Sem entender absolutamente nada. Nem manual de instrução eu recebi. Fico pensando: será que ele acordou achando que é protagonista de um filme de ação? Ou será que sofre de complexo de perseguição a ponto de achar que eu, logo eu, estou dedicando meu precioso tempo para persegui-lo? Mal consigo perseguir meus próprios objetivos, quem dirá uma pessoa que mal sei o nome. Mas o melhor de tudo é que essas si...

O Peso de Ser Intensa em um Mundo Raso

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 Sou estranha, eu sei. Desconfiada, quieta, dessas que observam mais do que falam. Não é fácil conviver comigo — nem para os outros, nem para mim. Porque, ao mesmo tempo em que sou silêncio, também sou excesso. Há dias em que as palavras dormem. Em outros, elas acordam todas de uma vez e querem correr soltas. Não me afasto por falta de afeto. Pelo contrário. Às vezes me reservo porque sinto demais. Porque tem sentimentos que pesam, que pedem cuidado, que não cabem em qualquer lugar. E então eu me recolho. Não por desprezo, mas por proteção emocional. Nem todo mundo entende isso. Nem todo mundo respeita esse tempo interno que a gente precisa para continuar sendo inteiro. Nunca me achei extraordinária. Não tenho talentos que brilham em vitrines, nem histórias que disputam aplauso. Sou comum. E talvez seja justamente isso que mais exige de mim: aceitar a própria simplicidade num mundo que cobra espetáculo. Ainda assim, faço questão de algo essencial — respeito. Gosto de ser tratada be...

O Intervalo Sagrado

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Quem dera tivéssemos o poder de desaparecer dos momentos difíceis. Apenas sumir por alguns instantes, quando a dor pesa mais do que o peito é capaz de sustentar. Não como fuga definitiva, mas como quem pede licença à vida para respirar. Quem dera fosse possível criar, por um tempo, um mundo encantado só nosso. Um lugar de magia, silêncio bom e leveza. Um espaço onde a alma pudesse descansar sem explicações, sem cobranças, sem expectativas. Apenas existir em paz. Nesse mundo mágico, o tempo não feriria, não apressaria, não exigiria. Seria apenas um intervalo sagrado para recarregar as energias, curar feridas invisíveis e lembrar quem somos quando não estamos apenas sobrevivendo — mas vivendo de verdade. Sair do mundo real por alguns segundos… só alguns. E, num salto de imaginação e esperança, estar em um lugar onde tudo é possível. Onde a dor não grita. Onde a esperança fala mais alto. Onde o cansaço encontra colo. Talvez a verdadeira magia não esteja em desaparecer do mundo. Talvez ela...

A Voz que Sussurra e Cura

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 Às vezes acho que alguém sussurra em meu ouvido. Será a intuição? Não sei explicar. Só sei que há momentos em que a alma escuta antes mesmo de a razão compreender. A vida nos traz surpresas, e com elas vêm as perguntas: por que o retorno de algo passado e tão dolorido? Por que aquilo que acreditávamos resolvido insiste em bater à porta outra vez? Mas a voz que sussurrou foi clara: era preciso concluir o ciclo. E eu, na minha própria ignorância, pensei que ele já estivesse encerrado. Não estava. Apenas tinha sido arquivado. Acredito que, muitas vezes, escondemos tão bem uma dor que passamos a acreditar que a deletamos de nós. Seguimos em frente, funcionando, sorrindo… mas ela permanece ali, silenciosa, esperando o momento certo de ser vista, sentida e, enfim, curada. A espiritualidade me ensina que Deus não dorme, porque sempre cuida de seus filhos. E hoje eu acredito ainda mais nisso. O que retorna, retorna para libertar. O que dói, dói para ensinar. E o que se revela, se revela p...

DE ONDE VEM A LUZ

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  As pessoas nos entregam aquilo que elas são, não aquilo que nós merecemos. Pode parecer duro aceitar isso, mas é libertador compreender. Muitas decepções nascem da expectativa de receber do outro o que ele não tem para oferecer. Nem sempre é falta de amor, às vezes é apenas limite emocional, imaturidade, dor mal resolvida ou incapacidade de demonstrar afeto. Durante muito tempo, buscamos no outro a validação da nossa existência: um gesto, um cuidado, uma palavra, um reconhecimento. Quando isso não vem, sentimos rejeição, abandono, desvalor. Mas a grande virada acontece quando entendemos que o que merecemos não pode depender exclusivamente das mãos de ninguém. O que você merece é você quem se dá. Você se dá quando se acolhe nos dias difíceis. Quando respeita seus limites. Quando não se diminui para caber onde não há espaço. Quando cuida do corpo, da mente e do coração. Quando para de pedir migalhas emocionais e passa a se oferecer pão inteiro. Cuidar de si, por dentro e por fora, ...

A força de escolher a própria paz.

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 Há dores que não fazem barulho, mas levam o silêncio para dentro do peito. A pior delas, talvez, seja a de se sentir só mesmo estando rodeada de pessoas. Quando a ausência vem de onde se esperava cuidado, atenção e afeto, a ferida é mais profunda. Porque não é apenas solidão — é desamparo emocional. Hoje eu entendo que, muitas vezes, escolher ficar só não é desistir das pessoas, mas tentar salvar a si mesma. É um gesto de proteção. Um modo de dizer ao coração cansado: “chega, agora eu vou cuidar de você”. Ser forte não é aguentar tudo calada. Ser forte é reconhecer onde dói, aceitar que existe a ferida e, ainda assim, continuar. É decidir não mendigar afeto. É entender que o amor começa pelo respeito que temos por nós mesmos. Aprendi que viver só não significa viver vazia. Significa, às vezes, viver em paz. Significa dormir com o coração mais leve, acordar sem o peso da expectativa frustrada, caminhar sem a dor de esperar por quem não vem. Não sou fraca por escolher a tranquilidad...

Um Amor do Meu Jeitinho

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 Queria um amor carinhoso, desses que não economizam presença. Que entendam que afeto não é só no toque, mas na escuta, no cuidado, na atenção às pequenas coisas. Um carinho que não sufoca, mas aquece. Queria, acima de tudo, um amor respeitoso. Respeito pelo meu tempo, pelas minhas dores, pelas minhas conquistas, pelas minhas fases. Respeito pelo que sou hoje e pelo que ainda estou me tornando. Queria alguém que goste de mulher de verdade. Que admire a força e também a fragilidade. Que respeite a independência sem se sentir ameaçado. Que enxergue beleza na maturidade, na história, nas marcas que o tempo deixa. Queria alguém que goste de cuidar e de amar. Não só no discurso bonito, mas no cotidiano real: no cansaço, nas dificuldades, nas rotinas simples. Alguém que entenda que amar não é apenas sentir, é escolher todos os dias. E não, isso não é exigir demais. Isso é querer o mínimo para que um amor seja saudável. Passei tempo suficiente sendo forte sozinha. Sendo abrigo sem ter ond...